quarta-feira, 17 de julho de 2013

O SATÍRICON, por Petrónio

Boa noite. Estive um ano ausente (praticamente). Reconheço-o. Mentiria se dissesse que prometo agora aparecer com mais frequência. Dei-me conta, na última vez que escrevi neste blogue, que tal não posso prometer, da mesma forma que a vida não me pode prometer tempo para o fazer de forma menos esporádica. Nesta matéria estou profundamente enferrujada, se é que isso torna esta publicação mais desculpável. E nada melhor que (re)começar com uma falha.
Precisamente. Uma falha. De entre a panóplia de livros que apresentei esqueci-me de dedicar um texto a um em específico: "O Satíricon", de Petrónio, uma personagem da corte de Nero. Já o li há mais que um ano. Não sei como nem porquê, mas na altura esqueci-me completamente. Só me lembro que o li muito antes das "Categorias" de Aristóteles. A altura precisa, não a recordo.
O que é que tem "O Satíricon" de tão especial? Na verdade, o texto está cheio de supressões e são frequentes as vezes em que lemos frases interrompidas ou ideias inacabadas, porque até nós só chegaram fragmentos (e ainda assim bastantes) do texto completo. Contudo, o que o torna tão especial é que é o pai do romance latino, das epopeias e das grandes fábulas. É o romance mais antigo que chegou até nós. É de notar a relação entre o título da obra e a palavra "sátira", pois este livro é isso mesmo: uma sátira aos costumes romanos da época, com cenários principescos, relações entre os estratos sociais, familiares e entre os géneros bem vincadas, pouco pudor e que conta a história de dois rapazes que não têm constrangimento em viver o auge da sua juventude com tudo aquilo a que tinham direito enquanto jovens romanos, com as suas austeridades, os seus problemas, as suas aventuras e os seus prazeres. 
Mais que uma história, este livro é, portanto, um quadro social romano à qual deve esta obra grande parte do seu interesse. E, no final, talvez o mais interessante seja darmo-nos conta que talvez o quadro pintado por este romance tão antigo seja na verdade perfeitamente aplicável nos nossos dias. 

(Na mudança é sempre possível constatar a permanência.)

http://net-anexos.blogspot.pt/2013/07/satyrycon-frederico-fellini-1969.html