quarta-feira, 22 de junho de 2011

DIÁLOGOS IV, por Platão

Boa noite a todos.
Antes de mais, agradeço às pessoas que comentaram o meu blogue nos último dias; não sei quem são nem se terão também um cantinho que eu possa visitar nesta vasta blogosfera uma vez que se identificaram como anónimos, mas agradeço imenso, pois fez-me sentir que afinal este trabalho, ainda que prazeroso, também tem alguma relevância. Em segundo lugar. peço desculpa pela demora em apresentar este novo livro, mas o final do ano na faculdade consegue ser bastante exaustivo; assim, entre demoras e mais demoras, entre "ok, hoje não deu, publico amanhã" e "ok, hoje voltou a não dar". Depois de um percurso mental um pouco atribulado finalmente chegou aqui e é o quarto livro de Diálogos de Platão.
Esta obra é composta pelos diálogos "Sofista", "Político", "Filebo", "Timeu" e "Crítias", sendo que os últimos dois são mos mais conhecidos devido às redacções que dele fazem parte sobre o mito/realidade (nestas coisas não podemos ser dogmáticos) da Atlântida. No "Sofista" Sócrates trava conhecimento com um filósofo da escola de Eleia e inicia um diálogo no qual pretende que o estrangeiro lhe diga o que entende por um sofista na terra de onde vem; é de notar que na Antiga Grécia o termo "sofista", ainda que tenha etimologicamente origem na palavra "sábio", "sophos", o certo é que se for tornando gradualmente num termo depreciativo e que ainda assim é nos dias de hoje, cujo significado negativo prevaleceu: o de uma pessoa que conduz as mentes dos outros com uma brilhante arte de retórica, ainda que esta careça de lógica ou verdade (assim, o Sofista para Sócrates é qual um caçador, mas um caçador de homens). Assim, como não podia deixar de ser, no mesmo dia efectuou-se o diálogo do "Político" (não fossem os políticos, geralmente, todos sofistas no sentido depreciativo). No terceiro diálogo, "Filebo", narra-se uma discussão entre Sócrates e Filebo sobre qual o fundamento da vida humana: Filebo defende o prazer; Sócrates defende a sabedoria e a inteligência. Chegados ao "Timeu" constatamos que este é apenas um diálogo introdutório àquele que iria gerar uma das maiores controvérsias da Humanidade: a verdadeira existência ou a possibilidade de mito que é a história da Atlântida; após uma breve alusão à ilha perdida, é abordado o processo de criação do Homem e a formação do Mundo, bem como das almas. Terminada essa narração primordial, finalmente estão reunidas as condições para se iniciar o quinto e mais famoso diálogo, "Crítias", que deverá ser o expositor da história que levou tantas vezes o Homem à fantasia. Infelizmente (e para grande desconsolo o meu) Platão não acabou o diálogo, tanto que o livro, após ter descrito a cidade perdida e assim que ia entrar na sua destruição, termina com as seguintes palavras: "e tendo-os reunido, disse-lhes..." (Zeus havia reunido os vários deuses do Olimpo para julgar a população atlante). Não se conhecem os motivos que levaram Platão a deixar o diálogo incompleto: uns julgam ter sido pela morte do autor embora não haja certezas, pois a data do manuscrito não é certa; outros defendem que a história da Atlântida e da sua guerra com Atenas não era mais que uma alegoria de uma guerra real, travada entre atenienses e persas, na altura civilização muito rica e culta; assim, Platão teria perdido o interesse em  escrever como se fora um mito e ter iniciado antes a sua última obra, as "Leis", na qual retrata a sociedade ideal, que a Atlântida também simbolizava. Seja como for, nunca saberemos ao certo e, ainda que sejamos mais ou menos cépticos, o certo é que a história de uma civilização perdida vulgarmente conhecida como Atlântida povoa um pouco todas as mentes humanas  simplesmente pelo mistério que teria sido o seu desaparecimento.
(ver Biblionet - anexos)

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