sábado, 25 de junho de 2011

ANFITRIÃO, por Plauto

E eis-me chegada ao vigésimo livro.
A celebrar esta chegada comemorativa bem que poderia ter-me aparecido nas prateleiras algum de maior conteúdo; e com isto começo a sentir o peso de ter que fazer uma apresentação menos boa... Isto porque a obra em sim também tem um carácter "menos bom", se é que me faço entender...
A presente obra, para variar, pensei eu, é uma comédia. Eu não tenho nada contra comédias, aliás, admiro o sentido de humor, desde que este seja inteligente e elegante, humor esse que Plauto, enquanto pertencente à frívola sociedade romana, não conheceu, imagino eu... Confesso que se me mostrou custosa a tarefa de passar o primeiro acto do livro; não porque o autor não tenha sentido de humor, até tem bastante, mas tem aquele que eu chamo de humor para tolos: gente à pancada e linguagem imprópria e deselegante com recurso a calão, sendo que as personagens não primam pela esperteza. Mas passo a fazer uma sinopse do argumento.
Como é sabido Júpiter (tenho que dar os nomes romanos dos deuses porque o autor é romano) era um marido infiel e costumava arranjar múltiplas amantes, fossem deusas ou mortais, qualquer boa cara lhe servia. Ora aconteceu que se apaixonou por Alcmena (sim, aquela que iria ser a mãe de Hércules) e quis unir-se a ela. Então, aproveitando a ida do seu marido Anfitrião para a guerra com o seu escravo Sósia, chamou o seu filho Mercúrio e ambos transfiguraram-se em Anfitrião e Sósia, respectivamente, fazendo com que a pobre Alcmena (dolosa vítima nesta trama toda) traísse o marido sem saber. No entanto, os deuses (que é suposto, enquanto divindades, serem um modelo a imitar pelos mortais, não é... nota-se...), vendo que o verdadeiro Anfitrião e o verdadeiro Sósia voltavam, decidiram divertir-se mais um bocado e provocar a confusão, valendo-se da duplicação que haviam feito. Assim, a história é composta por uma pobre Alcmena fiel e casta que se vê acusada de louca e de traição, um Sósia pouco inteligente, um Anfitrião que ainda assim é a personagem mais normal (menos mal), um Júpiter lascivo e inconsequente e um Mercúrio (deus que eu até tinha em boa conta pela sua inteligência) a resolver os assuntos à pancada. 
É assim, eu não me sinto mesmo nada bem neste papel de "despublicitar" mas, ao mesmo tempo, não poderia afirmar ser uma obra que me maravilhou se o não foi, pelo contrário. Mas isto é a minha opinião, que não aprecio este género de humor. Claro está que outra pessoa qualquer pode achar esta obra fantástica e divertidíssima, acredito que sim, até porque a nossa sociedade está impregnada de humor neste estilo (ou não fôssemos nós os herdeiros dos romanos, não é...); contudo, para ser fiel aos propósitos pelos quais criei este blogue, vejo-me obrigada a dar a minha opinião segundo a minha experiência de leitura que, precisamente por ser de índole pessoal, espero que não levem como totalmente certa. Desagrada-me a mim, pode agradar-vos a vocês, ou até podemos concordar...
Melhor maneira de descobrir: lendo. Até porque  ler não é apenas descobrir um pouco mais sobre o que nos rodeia, mas também sobre nós próprios... neste caso poderíamos descobrir que género de humor nos agrada , eventualmente. Mas tenho que ver, ao menos, algo positivo no meio disto tudo: no fim, acabei por perceber por que é que o conceito "sósia", em português, se aplica a uma réplica física de alguém (reler sinopse acima)... Vêem? No fim, tudo tem alguma utilidade!

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